O mundo gira e avança mas, em pleno 2016, ainda é muito difícil ser mulher. Ganhamos menos para desempenhar as mesmas funções, não temos acesso a alguns cargos de topo, somos vistas como menos confiáveis, menos capazes, como frágeis e fracas. Podia continuar porque a lista é longa. E nem mulheres famosas escapam.
Em 2014 Kesha apresentou queixa contra Dr. Luke, o seu produtor, por abusos sexuais e psicológicos ocorridos cerca de dez anos antes. A cantora afirma que Dr. Luke a forçou a tomar comprimidos e álcool, para que depois pudesse abusar sexualmente dela. Que numa manhã acordou na cama do produtor, nua e com náuseas, sem saber como foi lá parar. Soube mais tarde que os comprimidos que foi obrigada a tomar eram "GHB", um psicotrópico conhecido como "droga da violação". No mesmo dia em que apresentou queixa contra Dr. Luke, o produtor apresentou queixa contra Kesha e a sua mãe por difamação.
Um ano depois de apresentar queixa formalmente, a cantora quis gravar um novo álbum e pediu à Sony, editora com a qual tem contrato, para trabalhar com outro produtor. Não queria trabalhar com o homem que a drogou e violou. Algo meio óbvio, não? Pois, meus queridos, parece que não. A Sony recusou o pedido alegando a existência de uma cláusula de exclusividade no contrato entre Kesha e Dr. Luke.
Ora bem, uma mulher apresenta queixa por violação, pede para não trabalhar com o seu alegado violador e o que acontece? Pois parece que nada. Kesha, filhinha, trabalhas com o Dr. Luke e mais nada, tinhas era que estar caladinha. Ai esta sociedade machista que não perde a oportunidade de tentar silenciar uma mulher.
Com esta recusa por parte da Sony, Kesha fica num impasse: ou fica sem trabalhar, e consequentemente vê a sua carreira acabar, ou aceita trabalhar com o homem que acusa de abuso. Mas a cantora não baixa os braços e avança para tribunal para conseguir a anulação do contrato de exclusividade. You go, girl! No entanto, o resultado não foi o esperado: o tribunal recusou a anulação do contrato de exclusividade e, assim, a cantora fica impedida de trabalhar com outro produtor e terá que gravar mais seis álbuns com Dr. Luke. Embora o advogado de Kesha alegasse que a carreira da cantora poderia estar irremediavelmente prejudicada se não voltasse a produzir, a juíza argumentou que "não há evidências de danos irreparáveis. Foi-lhe dada a oportunidade de gravar". Ou seja, a senhora juíza considera que Kesha só não trabalha porque não quer. E eu aqui a pensar que ela só não queria trabalhar com quem a forçou a tomar comprimidos e álcool e abusou dela. Shame on me!
Depois de conhecida a decisão do tribunal, Lady Gaga, Lorde, Demi Lovato, Kelly Clarkson, Lily Allen e Ariana Grande, entre outros, usaram as redes sociais para demonstrar o seu apoio à cantora. Taylor Swift foi mais além e doou 250 mil dólares (225 mil euros) "para ajudar a qualquer necessidade financeira que ela tenha", anunciou um porta-voz. #sororidade
E ainda dizem que o feminismo não é necessário, não é migas?



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